segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

# YOGA E A BUSCA PELA FELICIDADE

O problema fundamental de todo ser humano é a não aceitação de si mesmo, porque não se conhece, em realidade, o que se é... Buscamos sempre algo diferente, entre pessoas, coisas ou situações, para estarmos satisfeitos conosco.
O coração, cerne, do ser humano é consciente de si mesmo, mas adquire certas identificações ao longo da vida. E, com as identificações centradas no senso de Eu, certos complexos surgem. Ao estabelecer uma identificação com as limitações, chego à conclusão de que tudo o que não tenho será sempre muito maior do que tudo o que posso possuir. Por isso, quando olho para mim mesmo, estou convencido de que “eu sou pequeno, eu sou insignificante”. E, por me ver pequeno e sem valor, “Eu não sou aceitável a mim mesmo”... Essas são conclusões que estão centradas no senso de eu.
Sendo um ser auto consciente e com um senso de eu, seja quem for, vai chegar a esse problema de que “eu sou pequeno e insignificante” e, por isso, não sou aceitável como sou... Porque não me aceito, tudo passa a ser desejado no intento de me fazer aceitável... mais força, mais poder, mais dinheiro, mais habilidades e capacidades, mais, mais, mais... e me torno uma pessoa que está sempre desejando, esperando, exigindo, demandando... Esse senso de pessoa que deseja é descoberto ainda na criança. E, devido a esse indivíduo constantemente “desejando”, não encontro paz e satisfação nem em mim mesmo nem com o mundo.
É dito no capítulo dois da Bhagavadgita: “Contudo, aquele cuja mente está centrada, movendo-se no mundo dos objetos com os órgãos dos sentidos sob seu controle, livre de gostos e aversões, atinge a tranquilidade. Para a pessoa cuja mente é tranquila, a destruição de toda dor e tristeza acontece. O conhecimento [da natureza do Eu] se torna, em pouco tempo, bem estabelecido para aquele cuja mente é tranquila. Para aquele que não é tranquilo, o conhecimento não existe. Também, para aquele que não é tranquilo, a contemplação não existe. Para aquele que não é contemplativo, a paz não existe. Para aquele que não tem paz, como pode haver felicidade?”.
Em síntese, com a mente agitada por ser uma pessoa que está sempre desejando, não encontramos paz, não nos sentimos “em casa” em nós mesmos. Quando estamos “em casa”, intimamente, experienciamos uma sensação de segurança e aceitação irrestritas. “Em casa”, podemos relaxar todas as nossas expectativas e cobranças; deixamos “de fora” as lutas diárias, e damos uma pausa nos esforços para mudar algo que gostaríamos que fosse diferente... “Em casa”, sabemos que, fundamentalmente, todos nos aceitam como somos e, esse relaxamento proveniente da aceitação nos faz despertar a paz que mora no coração de uma pessoa que, momentaneamente, não deseja nada diferente do que realmente é...
Quando o desejo por mudança cessa; quando aquietamos as agitações da mente; quando aceitamos a nós mesmos exatamente como somos aqui e agora, a paz se revela como um estado íntimo de plenitude, em que o indivíduo se vê completo, pleno, em si mesmo... E, o que é a felicidade que não este ‘estar em paz’, completo, em si mesmo, por si mesmo e consigo mesmo?
No capítulo sete da Chandogya Upanishad, o sábio Narada vai ao encontro do sábio Sanatkumara e descreve seu problema: “Estou sentindo muita tristeza. Por favor, me ajude a atravessar essa tristeza!”. O professor perguntou o que ele sabia e ele respondeu que tinha na memória os 4 vedas, os 6 vedangas (disciplinas acessórias como gramática etc.), várias outras disciplinas de conhecimento (como astrologia etc.); e foi listando tudo q ele estudou... “Sou o grande Narada, mas mesmo assim estou em grande tristeza!”.
O professor reconheceu o problema e disse que ele não possuía o único conhecimento que poderia tirá-lo dessa tristeza, que traria a aceitação de quem ele verdadeiramente é... Esse conhecimento é chamado de Bhuma-Vidya, o conhecimento daquilo que é livre de limitações... O que é livre de limitações, ilimitado? O sábio diz que Bhuma, o ilimitado, é em verdade sukham [ananda], a felicidade... As Upanishads afirmam que a felicidade é a realidade fundamental do indivíduo e do todo, e que por natureza é o estado de ser livre de limitações. Contudo, essa verdade, que mora no coração de todos, está coberta parcialmente por um véu de ignorância e, por isso, não conseguimos reconhecer.
            Com a mente calma e com os órgãos dos sentidos sob controle, livre da agitação dos desejos, o conhecimento da natureza fundamental do ser é possível de ser escutado e compreendido. E, para entender e lidar com essa mente, para disciplinar os órgãos dos sentidos, para discernir sobre as necessidades e desejos, ou seja, para se preparar para a aquisição desse conhecimento, uma vida de Yoga é o caminho.
Com uma vida de Yoga, ou seja, uma vida dedicada ao estudo e ao auto conhecimento, vou me desfazer das falsas conclusões centradas no senso de eu e, encontrar um Eu que é totalmente aceitável. Esse Eu aceitável é a fonte de toda experiência de satisfação, pois por natureza é a própria felicidade.

Convidamos a todos para a palestra no Cantinho do Ser, no Flamengo. Maiores informações: Yoga e a busca pela Felicidade

OM TAT SAT!

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