segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

# ĪŚVARADARŚANAM – A VISÃO DE VEDĀNTA

     O professor começa o ensinamento com: īśā vāsyamidaṁ sarvam... Tudo o que está na nossa frente é permeado por aquele que governa, īśvara. Quando você olha para a página de um livro na sua frente, você vê as letras que compõem as palavras ou a folha que as sustenta? Ao ler o texto contido no livro, não nos damos conta de que a folha permeia o texto e, sem ela, nenhum livro seria possível. Da mesma forma, tudo o que está à frente de nós é sustentado por uma Ordem, que governa através de leis, a tudo permeando.
            O que está na nossa frente? Podemos dizer que o Universo está na nossa frente, com inúmeras galáxias e incontáveis planetas. Podemos dizer que a Terra está em frente de nós, com rios e mares, continentes e habitantes. Podemos dizer que a humanidade está em nossa frente, com pessoas próximas e distantes, conhecidas e desconhecidas. Podemos dizer que o nosso corpo está em frente de nós, pois estamos atentos às modificações do corpo, às dores, às sensações e percepções. Podemos dizer que nossa mente está na nossa frente, pois é na tela mental que os pensamentos e emoções se desenrolam antes de serem externalizados.
Assim, na nossa frente está um esquema de coisas, colocadas juntas inteligentemente e com uma dada função. Se juntarmos duas pernas, dois braços, um tronco e uma cabeça não fazemos um corpo. O corpo é formado por todas essas partes, mas as partes colocadas juntas não formam o corpo. Há algo a mais num corpo. Há certa inteligência que governa o funcionamento do corpo, regendo harmoniosamente todas as partes.
Ao nos darmos conta disso, podemos reconhecer que há uma Ordem. Há uma ordem que funciona através de leis físicas, biológicas, fisiológicas; há leis que regem todos os níveis que observarmos. Dessa forma, todas as partes compõem o todo; todas as partes são permeadas pelo todo. Porém, o Todo é mais do que o somatório das partes; é aquilo pelo qual todas as partes são sustentadas, governadas, e devido ao qual todas funcionam em conjunto.
Idaṁ sarvam é todo o universo de coisas, inteligentemente colocadas juntas com um propósito, e que está em frente de nós, mas que também nos inclui. E, essa Ordem, que a tudo governa através de leis que podem ser observadas, é īśvara. Portanto, ao olharmos para este todo que está na nossa frente, podemos apreciar a Ordem, a Realidade que a tudo sustenta. Ao apreciar a Realidade temos “a visão de īśvara”, īśvaradarśanam.
          Como podemos apreciar essa Realidade?
          Para nos ajudar a responder essa pergunta, vamos estudar alguns versos do capítulo V do texto chamado Durgā Saptaśatī, “700 versos sobre aquela que é difícil de ser alcançada”. É também chamado devīmāhātmyam (a grandiosidade daquela que é brilhante) e faz parte do corpo de conhecimento chamado purāṇa. Estima-se que foi escrito em sânscrito por volta de 400 – 600 DC pelo ṛṣi Mārkaṇḍeya. É um texto muito famoso em toda a Índia e descreve, simbolicamente, a vitória de Durgā sobre mahiṣāsura.

Neste trecho que será estudado, também chamado Tantroktam devīsūktam, encontramos a descrição de características que estão presente no coração de todos os seres e, pela qual poderemos apreciar a Ordem claramente expressa através delas.

Todos convidados para o estudo, durante seis sextas-feiras, no Yogabhumi, em Copacabana!
Maiores informações no link: Ishvaradarshanam - A visão de Vedanta

# YOGA E A BUSCA PELA FELICIDADE

O problema fundamental de todo ser humano é a não aceitação de si mesmo, porque não se conhece, em realidade, o que se é... Buscamos sempre algo diferente, entre pessoas, coisas ou situações, para estarmos satisfeitos conosco.
O coração, cerne, do ser humano é consciente de si mesmo, mas adquire certas identificações ao longo da vida. E, com as identificações centradas no senso de Eu, certos complexos surgem. Ao estabelecer uma identificação com as limitações, chego à conclusão de que tudo o que não tenho será sempre muito maior do que tudo o que posso possuir. Por isso, quando olho para mim mesmo, estou convencido de que “eu sou pequeno, eu sou insignificante”. E, por me ver pequeno e sem valor, “Eu não sou aceitável a mim mesmo”... Essas são conclusões que estão centradas no senso de eu.
Sendo um ser auto consciente e com um senso de eu, seja quem for, vai chegar a esse problema de que “eu sou pequeno e insignificante” e, por isso, não sou aceitável como sou... Porque não me aceito, tudo passa a ser desejado no intento de me fazer aceitável... mais força, mais poder, mais dinheiro, mais habilidades e capacidades, mais, mais, mais... e me torno uma pessoa que está sempre desejando, esperando, exigindo, demandando... Esse senso de pessoa que deseja é descoberto ainda na criança. E, devido a esse indivíduo constantemente “desejando”, não encontro paz e satisfação nem em mim mesmo nem com o mundo.
É dito no capítulo dois da Bhagavadgita: “Contudo, aquele cuja mente está centrada, movendo-se no mundo dos objetos com os órgãos dos sentidos sob seu controle, livre de gostos e aversões, atinge a tranquilidade. Para a pessoa cuja mente é tranquila, a destruição de toda dor e tristeza acontece. O conhecimento [da natureza do Eu] se torna, em pouco tempo, bem estabelecido para aquele cuja mente é tranquila. Para aquele que não é tranquilo, o conhecimento não existe. Também, para aquele que não é tranquilo, a contemplação não existe. Para aquele que não é contemplativo, a paz não existe. Para aquele que não tem paz, como pode haver felicidade?”.
Em síntese, com a mente agitada por ser uma pessoa que está sempre desejando, não encontramos paz, não nos sentimos “em casa” em nós mesmos. Quando estamos “em casa”, intimamente, experienciamos uma sensação de segurança e aceitação irrestritas. “Em casa”, podemos relaxar todas as nossas expectativas e cobranças; deixamos “de fora” as lutas diárias, e damos uma pausa nos esforços para mudar algo que gostaríamos que fosse diferente... “Em casa”, sabemos que, fundamentalmente, todos nos aceitam como somos e, esse relaxamento proveniente da aceitação nos faz despertar a paz que mora no coração de uma pessoa que, momentaneamente, não deseja nada diferente do que realmente é...
Quando o desejo por mudança cessa; quando aquietamos as agitações da mente; quando aceitamos a nós mesmos exatamente como somos aqui e agora, a paz se revela como um estado íntimo de plenitude, em que o indivíduo se vê completo, pleno, em si mesmo... E, o que é a felicidade que não este ‘estar em paz’, completo, em si mesmo, por si mesmo e consigo mesmo?
No capítulo sete da Chandogya Upanishad, o sábio Narada vai ao encontro do sábio Sanatkumara e descreve seu problema: “Estou sentindo muita tristeza. Por favor, me ajude a atravessar essa tristeza!”. O professor perguntou o que ele sabia e ele respondeu que tinha na memória os 4 vedas, os 6 vedangas (disciplinas acessórias como gramática etc.), várias outras disciplinas de conhecimento (como astrologia etc.); e foi listando tudo q ele estudou... “Sou o grande Narada, mas mesmo assim estou em grande tristeza!”.
O professor reconheceu o problema e disse que ele não possuía o único conhecimento que poderia tirá-lo dessa tristeza, que traria a aceitação de quem ele verdadeiramente é... Esse conhecimento é chamado de Bhuma-Vidya, o conhecimento daquilo que é livre de limitações... O que é livre de limitações, ilimitado? O sábio diz que Bhuma, o ilimitado, é em verdade sukham [ananda], a felicidade... As Upanishads afirmam que a felicidade é a realidade fundamental do indivíduo e do todo, e que por natureza é o estado de ser livre de limitações. Contudo, essa verdade, que mora no coração de todos, está coberta parcialmente por um véu de ignorância e, por isso, não conseguimos reconhecer.
            Com a mente calma e com os órgãos dos sentidos sob controle, livre da agitação dos desejos, o conhecimento da natureza fundamental do ser é possível de ser escutado e compreendido. E, para entender e lidar com essa mente, para disciplinar os órgãos dos sentidos, para discernir sobre as necessidades e desejos, ou seja, para se preparar para a aquisição desse conhecimento, uma vida de Yoga é o caminho.
Com uma vida de Yoga, ou seja, uma vida dedicada ao estudo e ao auto conhecimento, vou me desfazer das falsas conclusões centradas no senso de eu e, encontrar um Eu que é totalmente aceitável. Esse Eu aceitável é a fonte de toda experiência de satisfação, pois por natureza é a própria felicidade.

Convidamos a todos para a palestra no Cantinho do Ser, no Flamengo. Maiores informações: Yoga e a busca pela Felicidade

OM TAT SAT!

# VEDAS, VEDANTA E YOGA: O QUE DIZ A TRADIÇÃO?

Na época em que vivemos, muitas são as situações que preenchem os nossos dias. Cada vez mais, as pessoas têm sentido o peso do estresse e da correria desenfreada... Com o passar do tempo, a ansiedade, a depressão, a insônia, o medo e muitas doenças da mente tem crescido... Em meio a tanta agitação e a uma crescente insatisfação das pessoas, a busca por yoga, meditação, relaxamento e outras práticas vem crescendo ao longo dos anos. Isso tem levado as pessoas a buscarem algo que traga um pouco de paz, não só para suas vidas, mas principalmente para suas mentes.
A origem das práticas de meditação, yoga, budismo e de tantas outras está na Tradição Védica. Hoje, tudo o que conhecemos sobre a Índia, com todos os seus temperos, Deuses, yoga, práticas exóticas, grandes épicos (Mahabharata e Ramayana), matemática, astrologia, mantras e, tantos outros elementos que foram trazidos ao ocidente; tem uma base comum... Foram construídos por uma sociedade baseada nos Vedas.
A palavra Veda é derivada da raiz sânscrita vid, que significa conhecer. Os Vedas são chamados de vidyā-sthānas, as moradas do Conhecimento, pois eles conduzem o indivíduo a conhecer a verdade sobre si mesmo, sobre o universo e a causa fundamental de tudo. Os Vedas são um corpo de conhecimento que auxilia as pessoas a compreenderem as diferentes escolhas disponíveis a elas como seres humanos. Assim, revela diferentes anseios e finalidades para a vida humana e, os meios para alcançá-los. Dessa forma, fala para toda a humanidade e, não fica restrito a um povo ou a uma determinada época.
Os Vedas são divididos em duas partes. A primeira parte, karma-kāṇḍa, é uma grande sessão e lida com quase todos os desejos humanos e as ações necessárias para a satisfação desses desejos.
A parte final dos Vedas, Vedānta ou jñāna-kāṇḍa, também chamada de upaniṣad, é uma porção menor porque o assunto é um único objetivo, o desejo de ser livre de qualquer tipo de limitação ou sofrimento. Essa parte deixa claro que o preenchimento desse desejo não é através de nenhum tipo de ação. Quando se busca o ser livre de todas as limitações, as upaniṣads apontam para o conhecimento da natureza de si mesmo, para o auto-conhecimento.
Na visão dos Vedas, Mokṣa é se libertar de qualquer senso de inadequação ou de limitação. Este objetivo é diferente de todos os outros porque é considerado um objetivo já realizado. Vedānta revela que o indivíduo já é livre por natureza e não precisa fazer nada para se tornar livre. Somente o reconhecimento deste fato é requerido; e, não uma nova ação. A segunda porção dos Vedas é um meio de conhecimento válido para revelar a natureza da realidade e a verdade de si mesmo.
Os Vedas têm como objetivo último o auto-conhecimento e, tudo o que se faz na vida leva a realização desse objetivo. Assim, o estilo de vida que se assume em busca desse conhecimento é chamado Yoga.
Uma vida de Yoga é direcionada à aquisição de maturidade emocional e espiritual. E, para isso, o aspirante precisará de uma mente mais calma, sutil e introspectiva; que seja capaz de questionar sobre as realidades, de se conhecer fundamentalmente, de reconhecer as próprias emoções e reações. E, para isso várias disciplinas (sādhanās) podem ser utilizadas dentro do que o Yoga oferece. A disciplina principal é o estudo, pois leva ao entendimento da verdade essencial do sujeito, livre de todos os condicionamentos e identificações equivocadas. As disciplinas secundárias lidam com as necessidades individuais em relação à vida, ao corpo e à mente de cada aspirante.
Assim, a paz que buscamos pode ser encontrada no entendimento do cerne dessa tradição que está baseada nos Vedas e, que foi trazida até nós através de Vedānta e Yoga. E, com esse entendimento, veremos que essa paz é a natureza fundamental de tudo o que existe.

Convidamos a todos para a palestra no Cantinho do Ser, no Flamengo. Maiores informações: Vedas, Vedanta e Yoga: O que diz a Tradição?

OM TAT SAT!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

YOGA DE ATITUDES – Retiro para Estudo e Contemplação


YOGA DE ATITUDES – Retiro para Estudo e Contemplação
15 a 17 de Abril – Terraluz & Tatiane Barcelos

É com grande alegria que convidamos a todos para mais um retiro em contato com a Natureza e com o estudo de Vedanta.
Em um lugar de belezas naturais e com ótima energia, iremos nos recolher para refletir sobre nossos objetivos, ações e atitudes... Tudo isso sob à luz do estudo de Vedanta, que nos conduz a uma visão mais profunda de nós mesmos, do mundo e da realidade fundamental, que á a base de tudo.
Vedanta nos fala de um estilo de vida, chamado Karma Yoga, que nos leva a amadurecer emocional e espiritualmente, nos capacitando para o entendimento da nossa verdadeira natureza, que é livre do sofrimento e das limitações.
Esse estilo de vida não é representado por mudanças impostas sobre as ações externas, mas por um entendimento profundo da Ordem que rege toda a vida e pelo desenvolvimento harmonioso de uma atitude interna frente às nossas ações e ao recebimento do resultado dessas ações.

# Tema de Estudo:
 - Bhagavadgita Cap 2 versos 47 a 51 – Definição de Yoga, Karma Yoga e atitudes.

# Vivências:
 - Yogasanas;
 - Yoga nidra;
 - Pranayamas;
 - Bhajans;
 - Meditação conduzida.

# PROPOSTA DE PROGRAMAÇÃO:
 - Sexta-feira:
17h
Início da Recepção


18h
Vivência de Integração
19h
Meditação
19:30h
Jantar
20:30h
Vedanta – Aula I
 - Sábado:
6h
Meditação Conduzida
6:30h
Yogasanas e Pranayamas
7:30h
Suco de Luz
7:45h – 8:45h
Vedanta – Aula II
9h
Café da manhã
10h – 11h
Vedanta – Aula III
11:45h – 12:45h
Vedanta – Aula IV
13h
Almoço
-
Tempo para Introspecção
16:30h
Lanche
17h – 18:30h
Vedanta – Aula V e Dúvidas
18:30h
Yoga Nidra
19h
Meditação
19:30h
Jantar
20:30h
Satsanga
 - Domingo:
6h
Meditação Conduzida
6:30h
Yogasanas e Pranayamas
7:30h
Suco de Luz
7:45h – 8:45h
Vedanta – Aula VI
9h
Café da manhã
-
Tempo para Introspecção
12h
Encerramento
13h
Almoço



Retorno para Rio.

# Investimento e forma de pagamento: (Máximo 20 participantes)

 - Hospedagem e Alimentação:
R$440 por participante – em suíte (total de 4 suítes).
R$400 por participante – em quarto compartilhado (total de 5 quartos).
R$380 por participante – em alojamento coletivo (3 beliches).
Esses valores podem ser divididos em até duas vezes (março e abril), pagos diretamente em contato com o espaço.
Distribuição dos quartos baseada na ordem das inscrições.

- Contribuição pelas aulas (DAKSHINA):
O valor escolhido pelo participante, em dinheiro ou cheque, será entregue diretamente à professora em envelope fechado, no momento do encerramento das atividades.
Valor sugerido: R$150

# Transporte:
 - Carona solidária
 - Contratação de serviço de van para os interessados. Pagamento não incluso no valor do retiro.


Terraluz fica em Cachoeira de Macacu. 
(localizados na região de Boca do Mato (Cachoeiras de Macacu), dentro da Mata Atlântica, com suas incríveis cachoeiras.
Nosso endereço é: Rodovia Presidente João Goulart (RJ 116), km 51 – Boca do Mato – Cachoeira de Macacu – Rio de Janeiro/RJ.)

# Contato e maiores informações:
vedantayogasadhana@gmail.com
www.facebook.com/vedantayogasadhana/
www.vedantayogasadhana.blogspot.com
www.facebook.com/terraluz.org/
www.terraluz.org/

Evento no Facebook: https://www.facebook.com/events/577258035774180/